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Mostrando postagens de 2015

O Drama do Banheiro!

Quase toda criança adora dormir na casa do amigo, e eu não era uma exceção. Aos oito anos mudei de novo de cidade e fiz amizade com uma menina chamada Juliana; estudamos três anos juntas até mudarmos cada uma para uma escola diferente. Não demorou muito para nossas mães se conhecerem, uma conhecer a família da outra, passar fim de semana e até mesmo viajar para a praia junto; éramos inseparáveis! A coisa mais gostosa que tinha era quando íamos direto da escola para a casa da outra. Ficávamos inquietas e fazendo planos.  Quando batia o sinal para ir embora, era um friozinho na barriga, uma felicidade incontrolável. Certa vez, foi dia de eu dormir lá. A Tania e o Germano, mãe e padrasto da Ju sempre foram muito legais e atenciosos comigo. Sempre ríamos muito, brincávamos, era sempre muito divertido. Tive ótimos momentos que guardo na memória com muito carinho. Ah, eles tinham também uma cadelinha – a Lady, ou Leidoca- que nem era muito grande, mas eu morria de medo de cachorro, mesmo

Amor Arbitrário

O mundo está cheio de certezas E verdades absolutas. A briga entre torcidas Já nem vira mais notícia. A autoestima das pessoas Está mesmo muito boa: Quem antes tinha uma opinião, Hoje é redentor da verdade absoluta, da razão E qualquer pensamento contrário, Deve ser censurado, banido, exterminado. E enquanto certezas aumentam, Baixa a tolerância. Não importa se é mãe, primo, Tio, parente distante, filho, Pai, avô, avó, amigo... O radicalismo veda o amor, Repulsa a razão. É por causa de time de futebol, Religião, crenças, costumes, Política, diferenças sociais, Candidatos à presidência... Homossexuais, simpatizantes, Protestantes, Evangélicos, católicos, Umbandistas, tucanos, Petistas, gordos, tatuados, Elite, direita, esquerda, Flamenguistas, são paulinos, qualquer um: Não pensa igual, vira tipo satanista. Tudo o que é pensado com diferença É tratado com intolerância e insolência Pessoas públicas ou anônimas, Todos tomado

Piscar de Olhos

E é num piscar de olhos que tudo se vai... Ao fechar os olhos por um segundo, a lágrima cai, O sorriso se desfaz, a chuva chega, o sol se vai... É nesse segundo tão breve que ônibus passa, A comida queima, o leite derrama, Aquela pessoa te olha, a vida se esvai. Basta piscar o olho pro mar ficar fundo, A correnteza levar, a flor que estava aqui, o vento fazer voar... Pisque os olhos e a criança vai crescer, o carro pode bater, Aquele inseto que estava bem à sua vista, desaparecer... Nesse segundo o tempo passa, ou o tempo para. Ao fechar os olhos no piscar, Ganha-se um beijo inesperado, Um abraço apertado, Um sorriso frente a seu rosto... Basta fazer as pálpebras dançarem, Se entrelaçarem, Para alguma mágica acontecer. Uma mágica boa ou ruim? Não dá para saber. Esse é o mistério do piscar; Coisas podem sumir, ou aparecer. E arriscar parar o tempo, ou fazê-lo passar Precisa ter coragem. Basta piscar perante o desespero Para visualizar uma

A Viagem - Crônica

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                Sempre fui uma pessoa assustada com o mundo e com as pessoas; acabei crescendo com medo de quase tudo e quase todos; não me permitindo, assim, a coisas vistas como normais para a maioria das pessoas. Como por exemplo, viajar sozinha. Uma grande amiga minha, Mayara, tinha se mudado há pouco tempo para Jericoacoara, no Ceará, e queria muito que eu fosse visita-la. Acreditem: estava com medo, sim, de viajar sozinha. Não gosto de estar sozinha no meio de um monte de desconhecidos. Isso para mim sempre foi motivo de verdadeiro pânico. Mas, leitora assídua que sou, descobri Martha Medeiros, e o primeiro livro que li dela foi: Um lugar na Janela. Relatos de viagens que ela fez, em sua maioria sozinha, pelo Brasil e pelo mundo. Nesse livro encontrei muito do que eu estava querendo e precisando ler, além de ter encontrado também, “uma ídolo” na literatura.  Resolvi encarar meu medo.                 Com o pensamento de que seu eu me programasse direitinho nada poderia dar er

Escolhas e Respostas

Pelos cantos peregrino, Sempre sozinho, em busca Do meu filho. Passos lentos, uma garrafa; Um soluço de culpa e solidão. Desalento, desatento. Vago por não sei onde Distante de mim mesmo... Por onde anda meu menino? Não sei se homem já se fez, Ou se cabe ainda em meu colo. Mas onde posso encontrar? O tempo já se escapou pelos meus dedos Eu saí para viver, para ver o mundo  Dei por mim que o mundo meu Era o que ficou, o que eu deixei. O tempo, porém, não me devolveu Aquilo que um dia eu amei. Se é que amei. Bem que eu tentei e Por um bom tempo eu esqueci; E só vivi, como vivi... Não tive um bem, Não me preocupei com boletins e remédios... Até o dia em que o silêncio surgiu, Tudo virou tédio E a tristeza me invadiu. A voz que antes cantava, Hoje se afoga em melancolia; Afoga o afago das mãos;  Sombra naquele rosto que sempre sorria. Refiz os passos, caminho inverso. Creio não ter esquecido o trajeto... Mas não encontrei l

Passagem Secreta - Crônica

Sempre me intrigou essa história de passagem secreta. Me fascinava a ideia de poder estar em um lugar e de repente aparecer em outro sem ninguém me perceber. O que tinha de fascinante em um quarto de pedras, como de um castelo medieval, épico, com um enorme quadro na parede que escondia um trecho giratório que dava para um grande túnel mal iluminado? Tudo! Essa possibilidade, acredito, me dava uma certa ideia de poder. Na época, claro que eu não pensava assim, mas hoje em dia... convenhamos: não é uma espécie de poder, poder de repente desaparecer das vistas dos indesejáveis, poder ficar em paz em um canto onde ninguém te encontra? Certamente.                 Passagem secreta. Poder transitar por aí, sem olhares hostis, comentários maldosos. Definitivamente, agora compreendo porque tanto me atraía – e confesso que ainda atrai- essa ideia.                 Tanto me agradava que, logo meus pais começaram a pensar em construir uma casa própria, meu primeiro pensamento foi: quero q